RELATO SOBRE OS CEM ANOS DO COLÉGIO DE MOSSORÓ
Hoje quero falar com a linguagem do coração, pois
minha alma está cheia de emoções, no dizer de minha querida prima Dra. Zita
Rocha": Fagulhas de um passado com centelhas de infinito¨.
Minhas
queridas eternas "meninas" do internato do Colégio Sagrado Coração de
Maria. Só o nome já exprime grandiosidade, própria dos que possuem a paz no
coração e nas ações. Essas fagulhas de ensinamento foram entendidas
primeiramente por nossos pais, depois pelas irmãs franciscanas hospitaleiras,
que nos fizeram trilhar pelos caminhos da vida, tentando compartilhar o que
temos de melhor. Elas eram as colunas que nos sustentaram quando as coisas não
iam muito bem. São essas fagulhas que transmitimos em ensinamentos para nossos
filhos. E o que de mais admirável nos deixaram, foram os testemunhos de fé
profunda naquele que nos continua amando em sua bondade infinita, o querido
amigo Jesus Cristo, centro de toda a nossa vida.
É com
esses pensamentos, com um coração transbordando de alegria, que quero comentar
o que vivenciei desde sexta feira até domingo, dias em que relembramos a vida
de internas em nosso colégio.
Saimos
de Natal às 730 h, rumo à Mossoró. Para constar transcrevo o nome das vinte e
tres ex-alunas que residem em Natal cujo nome está em placa afixada em uma das
paredes do Colégio: Alexandrina de Paiva Ribeiro; Amália M. de C. Costa; Ana
Maria Bezerra Guerra; Eridante Paiva; Francisca Freire da Costa; Iris Paiva
Capistrano; Izolda Costa Fernandes; Joana D`Arc Tavares, Maria Alves Correia;
Maria Cristina Diogenes Nunes Marcelino; Maria das Graças Fontes de Araujo;
Maria do Socorro Brito de Figueiredo; Maria Helena F. de Negreiros Rosado;
Maria Luiza Figueiredo Nunes Fernandes; Maria Margarida M. de Figueiredo
Lacerda; Maria Marluce S. Brilhante; Maria Vilani Rocha de Oliveira
(Provincial); Maria Vitória Cunha; Miriam Tereza de Oliveira Rocha Souza;
Mirani Rocha de Melo; Raimunda Gerusa F. Vanderley; Regina Coeli Cavalcante
Lemos; Zita de Souza Rocha.
Hoje
somos senhoras, com mente jovem, bem resolvidas tanto no trabalho como na vida,
médicas, odontólogas, professoras universitárias, pedagogas e artistas. Somos
pessoas que vem lá dos anos 60, anos dourados que transformaram o mundo na
música, no vestir com a minisaia e no pensar, incluindo a libertação sexual com
a invenção da pílula anticoncepcional. A mulher chegou para ficar, tomar o seu
espaço no tempo de Elvis Presley, dos Hippies, dos Rolling Stones, dos Beatles,
de Roberto Carlos, Erasmo, Vanderleia, Martinha e tantos outros movimentos
ainda hoje lembrados. Era a época da ditadura militar, do "Brasil ame-o ou
deixe-o". Do falso amor pela pátria, do temor, da perseguição, prisões e
espatriações por causa de pensamentos divergentes a um governo que rasgou a
constituição brasileira nas maiores arbitrariedades possíveis ccometidas contra
o povo. Uma das integrantes de nosso grupo foi perseguida e inclusive exilada
naquela época.
Chegados
em Mossoró, fomos de imediato ao hotel para deixar a bagagem e em seguida
entramos no Colégio, aquele que por tantos anos foi a nossa casa e semelhante
àquele tempo, lá estvam as freiras a nos dar as boas vindas, provindas lá do
fundo do coração. Foi uma emoção tão forte, que não consigo descrever.
Almoçamos todas juntas no mesmo local onde outrora já existia o refeitório.
Caminhei por todos os corredores tão lembrados em nossos sonhos, a capela onde
por vezes tinha preguiça de rezar o terço da tarde, pois o achava muito
monótono. Também lembrei dos diversos locais de aulas e estudos, de recreação e
esportes e do dormitório no qual em momentos de traquinagem fazíamos uma guerra
de travesseiros. Quantas lembranças e saudades daquele tempo em que éramos
adolescentes cheias de ideais.
Às
cinco horas da tarde houve a missa solena dos agradecimentos. Quantas
homenagens, lindas, lindas de bonitas num misto de surpresas agradáveis quando
víamos meninas entrando na quadra de esportes, vestidas com o mesmo tipo de
farda de gala que usávamos em dias de festa. Quase ninguém conseguiu conter as
lágrimas de emoção. Pessoalmente lembrei dos momentos em que no passado, os
rapazes ficavam a nos olhar comentando: "lá vão as meninas do Colégio das
freiras, oi, vê, repare naquela..., coisa mais linda...". E mais emoções
aconteceram quando foi entoado o Hino do Colégio em que todas relembravamos com
saudade os versos:
Por Deus e pela Pátria avante
Ginásio Coração de Maria
Preparai a mocidade vibrante
Pela luta que o bem irradia(bis)
Não deu para aguentar. Chorei, com força, lágrimas de
agradecimento a Deus, a meus pais e às freiras por ter tido o privilégio de
dizer: "Faço parte dessa história".
Em seguida aconteceu o jantar oferecido pelas
freiras às autoridades e às ex- alunas, momento em que foi apresentado o livro
organizado por Francisca Freire da Costa com a colaboração de ex-alunas. Houve
além disso, a apresentação de uma revista com o título: "100 anos (1912-
2012) a iluminar e suavizar educando
gerações no ontem no hoje no amanhã",
contando em fotos e entrevistas a caminhada percorrida pelo colégio.
No
sábado, procuramos relembrar, andando pelas ruas de Mossoró, o Cine Pax e o
Cine Cid, onde íamos de uniforme, em fila indiana, chamando atenção de todos os
que por nós passavam, para assistirmos Noviça Rebelde, Sissi a Imperatriz, os
Dez Mandamentos, Ben Hur, Quo Vades, Dr. Jivago, O Vento Levou e tantos outros
filmes educativos e de qualidade. Hoje os cinemas não mais existem, mas
permanecem as lembranças. Mossoró agora está mais bonita, com suas praças bem
zeladas e iluminadas, seus teatros monumentais, o Shopping Center e tantas
outras maravilhas. A todo momento fazíamos comparações entre o antigo e o novo.
Já era noite quando chegamos de volta ao colégio, onde em seguida houve o
jantar de adesão para todas as alunas, momento em que nosso grupo fez a
apresentação das grandes mestras do teatro da vida, cantando uma música com a
letra de Eridante. Ao mesmo tempo, apresentamos a placa que imortaliza nossa
passagem pelo colégio.
Domingo,
voltando a Natal, lembrávamos os momentos em que íamos a Tibau em caminhão
aberto, expostas ao sol e ao vento. Agora voltamos bem instalados num ônibus de
luxo, com o coração num misto de alegria e saudade do maravilhoso encontro que
nos fez crescer interiormente. Reencontramos antigas amigas. Nosso grupo
estreitou os laços de amizade que pretende aprofundar mais ainda através dos
encontros periódicos, em que as "meninas do colégio" manterão os
ideais da solidariedade e a alegria de viver. A todos um abraço e um
"xero" de Miriam Rocha.
Querida Mirian, amei, menina, amei o teu relato, mais que fiel e permeado de muita emoção. Parabens! Um bonito registro que este blog bem merecia. ele agora está mais rico com as tuas palavras de carinho, de saudades e de muita alegria pelo que conseguimos fazer para marcar nossa presença no Centenário do nosso Colégio. Que está bem marcado, está! Retribuo o teu xero. A Amiga Eri
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